sexta-feira, 7 de agosto de 2015

na Agência USP - Cientistas procuram por abelha invasora na América do Sul

Procura-se uma abelha invasora! A recompensa: entrar para a história da ciência brasileira. Este é o mote de uma campanha iniciada por cientistas do Núcleo de Apoio a Pesquisa em Biodiversidade e Computação (NAP-BioComp) da USP, sediado na Escola Politécnica (Poli), junto a agricultores e instituições de pesquisas do Rio Grande do Sul.

A Bombus terrestris pode causar danos ambientais em território brasileiro (*)
O objetivo é detectar o exato momento em que a Bombus terrestris — espécie de abelha europeia — chegue ao território brasileiro pela região sudeste daquele estado. Sabe-se que a Mamangava da Cauda Branca, como é popularmente conhecida, já invadiu a Argentina e segue em direção ao Uruguai. Sua invasão poderá resultar em riscos ambientais para a agricultura e espécies nativas. A orientação dos pesquisadores é não capturá-la, não matá-la, mas reportar seu avistamento.
A iniciativa partiu da pesquisa de doutorado do ecólogo André Luis Acosta membro do Biocomp. No estudo Bombus terrestris chegará ao Brasil: um estudo preditivo sobre a invasão potencial, o cientista desenvolveu uma série de análises computacionais que trazem um levantamento das possibilidades desta invasão. A pesquisa, que teve como orientador o professor Antonio Mauro Saraiva, da Poli, identifica por meio de modelos ecológicos os locais semelhantes ao habitat natural da abelha invasora. “Utilizamos lógicas e algoritmos para gerar um modelo global de suscetibilidade à invasão”, descreve.

na Agência USP - Alunos da USP ainda têm dúvidas sobre a carreira escolhida


NOP funciona desde 2004 e atende hoje cerca de 30 alunos anualmente
Depois de passar pelo exame vestibular da USP, considerado um dos mais difíceis do País, alguns estudantes vivem momentos de dúvidas e angústias em relação à carreira escolhida. É o que mostra uma pesquisa realizada com 115 alunos ingressantes da instituição. A teseA crise com o curso superior na realidade brasileira contemporânea: análise das demandas trazidas ao núcleo de orientação profissional da USP, de autoria da psicóloga Yara Malki, traz uma análise dos principais motivos que geram as dúvidas e inseguranças em relação às escolhas e aponta para a necessidade de as instituições, públicas e privadas, constituírem centros de carreiras para orientação dos estudantes.
A pesquisa foi defendida em maio deste ano no Instituto de Psicologia (IP) da USP e teve como base a análise de 115 fichas e 58 relatórios de atendimentos realizados entre 2007 e 2012, no Núcleo de Orientação Profissional (NOP), ligado ao Laboratório de Estudos sobre o Trabalho e Orientação Profissional (LABOR) do IP, onde Yara atua.
Segundo a psicóloga, o processo de escolha mal conduzido pode estar ligado a uma característica dos jovens nos dias atuais. “São muitos os motivos que os levam a se precipitar na escolha. Acredito que o ‘imediatismo’ seja um dos principais”, aponta a pesquisadora.

na Agência USP - Biodiversidade da Mata Atlântica beneficia produção de banana


Região do Vale do Ribeira, em São Paulo, é a maior produtora do estado
Um amplo e inédito estudo sobre a variedade de banana nanicão foi realizado no Núcleo de Apoio à Pesquisa em Alimentos e Nutrição (Napan) e Food Research Center (FoRC), que é um Centro de Pesquisa e Difusão (CEPID) da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), ambos sediados na Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) da USP. Durante quatro anos de estudos em campo e em laboratório, os cientistas analisaram a influência da biodiversidade da Mata Atlântica na produção da fruta, na região do Vale do Ribeira, em São Paulo. Entre as constatações, a de que a biodiversidade nativa traz benefícios em diversos aspectos da produção, inclusive em relação à Sigatoka Negra, doença que atinge as plantações de banana.
As análises foram realizadas em duas áreas de plantação, cada uma com meio hectare, em média. “Numa delas, havia um fragmento remanescente de Mata Atlântica no entorno”, conta a professora Beatriz Rosana Cordenunsi, do Departamento de Alimentos e Nutrição Experimental da FCF, que coordenou todo o trabalho. Esta área foi denominada pelos pesquisadores de Biodiversidade no Entorno (BE). A outra porção selecionada, cercada por outros pés de banana, foi descrita como Monocultivo no Entorno (ME).
Uma característica semelhante nas duas áreas estudadas é que os agricultores se utilizam da aplicação de agrotóxicos para combater a Sigatoka Negra, que tem como vetor o fungo Mycosphaerella fijiensis. “As aplicações são feitas por aviões, chegando a atingir locais em que são proibidas”, conta a engenheira agrônoma Florence Polegato Castelan, então doutoranda da FCF, que participou do projeto. Segundo ela, a doença ataca as folhas da bananeira, encurtando o ciclo de produção da fruta. “Pudemos observar que, na área de monocultivo, o índice da doença foi cerca de 40% maior em relação à parcela junto à biodiversidade”, destaca.

na Agência USP - Algoritmo inédito identifica padrões em dados criptografados

Os “embaralhamentos” usados em sistemas criptográficos para proporcionar maior segurança em transações na internet podem não ser tão seguros quanto se imaginava. É o que mostra um modelo matemático desenvolvido por um grupo de cientistas do Instituto de Física de São Carlos (IFSC) da USP e da Universidade de Gent, da Bélgica. Sistemas criptográficos considerados seguros, não devem apresentar nenhum tipo de padrão, ou seja, não devem dar nenhum tipo de pista sobre a informação “embaralhada” ou a forma como o processo foi feito. Entretanto, o método conseguiu identificar padrões em dados criptografados por algoritmos criptográficos atuais que são utilizados em transações comerciais na internet e mesmo em bancos. O trabalho foi publicado na revista Communications in Nonlinear Science and Numerical Simulation.

Criptografia embaralha letras, números e símbolos, tornando a comunicação segura
A criptografia embaralha letras, números e símbolos para codificar uma comunicação e torná-la segura. Ela é utilizada em toda a comunicação digital que exija sigilo, seja entre bancos ou em transações que realizamos frequentemente na internet. Na prática, quando um usuário digita os dados de seu cartão de crédito, numa transação comercial via internet, as informações são “embaralhadas” de maneira que seja impossível retornar ao dado original sem o conhecimento da senha. “Em princípio, não deveria ter nenhum tipo de informação ou padrão nas mensagens criptografadas”, descreve o professor Odemir Bruno, do Grupo de Computação Interdisciplinar do IFSC. Contudo, a nova metodologia conseguiu detectar alguns padrões.
Para melhor esclarecer o problema, Bruno cita o exemplo de dois baralhos: “Imaginemos dois baralhos completos cujas cartas foram embaralhadas. Um deles foi embaralhado por cinquenta vezes e ou outro por cem vezes”, descreve. “Ninguém poderia sequer pensar que haveria entre a ordem das cartas dos dois baralhos qualquer tipo de padrão que pudesse diferencia-los. Nosso algoritmo permite encontrar estes padrões, ou seja, seria como conseguir dizer qual dos baralhos teria sido embaralhado por cinquenta ou cem vezes”, exemplifica o cientista.

na Agência USP - Teste avalia desempenho anaeróbio em atletas de ginástica

Na Escola de Educação Física e Esportes (EEFE) da USP, pesquisadores validaram um teste destinado a aferir o desempenho físico anaeróbio em atletas de Ginástica Aeróbica Esportiva, modalidade que ainda não é olímpica, mas que tem praticantes em todo o mundo. Denominado Specific Aerobic Gymnast Anaerobic Test (SAGAT), o teste é inédito na modalidade.

Modalidade ainda não é olímpica, mas tem praticantes em todo o mundo
“Agora temos uma ferramenta que possibilita aferir o desempenho dos atletas com maior precisão de forma rápida e segura”, descreve Christiano Robles Rodrigues Alves, doutorando do Departamento de Biodinâmica do Movimento do Corpo Humano da Escola de Educação Física e Esporte (EEFE) da USP. A validação do teste foi um trabalho conjunto entre Christiano e o profissional de Educação Física Marcello Tadeu Caetano Borelli, sob a supervisão do professor Guilherme Artioli, da EEFE. Toda a metodologia para a validação do novo teste está descrita no artigoDevelopment of a Specific Anaerobic Field Test for Aerobic Gymnastics, publicado na revista científica PLOS ONE.
Borelli, que é preparador físico de uma equipe de Ginástica Aeróbica Esportiva, em São Paulo, conta que até a validação desse teste não havia nenhuma outra forma de se avaliar o desempenho dos atletas. “Não havia parâmetros para determinar se um atleta estava em boas condições anaeróbias. Toda observação era feita durante os treinos, de modo empírico”, conta.

na Agência USP - Chip SAMPA será fundamental em experimento do LHC


Segunda versão do protótipo do chip será entregue em julho deste ano
Em meados de julho deste ano, cientistas do Instituto de Física (IF) e da Escola Politécnica (Poli), ambos da USP, deverão concluir a segunda versão do protótipo de um chip que será fundamental em um dos experimentos do maior acelerador de partículas do mundo, o LHC (Large Hadron Colider). Apelidado de SAMPA, o chip será uma estrutura de apenas 9 milímetros (mm) x 9 mm, feita em silício, que integrará o experimento ALICE (A Large Ion Collider Experiment) do LHC, que envolve cerca de 1.300 cientistas de diferentes países e de mais de 30 instituições de pesquisas.
O LHC está situado entre a França e a Suíça e foi inaugurado em 2008. A estrutura forma um anel subterrâneo com 27 quilômetros de circunferência onde circulam prótons em direções opostas e que são acelerados a velocidades próximas da luz, colidindo entre si e provocando uma grande liberação de energia na escala microscópica. Esta energia é transformada em massa na forma de partículas. Uma delas é o Bóson de Higgs — partícula que explica a origem da massa das partículas elementares — cuja existência foi comprovada em 2012. Desde então, o LHC teve suas atividades interrompidas para melhorar o seu desempenho.
“No início deste ano, o LHC retomou suas atividades e está previsto um novo upgrade para o ano de 2020”, conta o professor Marcelo Gameiro Munhoz, do Departamento de Física Nuclear do IF. Ele, o professor Marco Bregant, também do IF, o professor
W ilhelmus Van Noije, do Laboratório de Sistemas Integráveis (LSI) da Poli, e os engenheiros Hugo Hernandez e Brunos Sanches, também do LSI, são os responsáveis pelo desenvolvimento do protótipo.

na Agência USP - Proteína pode proteger células em tumor cerebral

Cientistas estão desvendando a relação de uma proteína com um tipo de tumor cerebral letal, o glioblastoma multiforme (GBM). A proteína em questão é a galectina-3 (gal-3). Os experimentos foram realizados in vitro e in vivo e podem auxiliar no melhor conhecimento dos mecanismos de ação da gal-3 no desenvolvimento do GBM.

Ilustração de corte histológico de um glioblastoma multiforme
A pesquisa foi realizada no doutorado do biólogo Rafel Ikemori, no Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP), sob orientação do professor doutor Roger Chammas, do Departamento de Radiologia da Faculdade de Medicina (FM) da USP, e responsável pelo Centro de Investigação Translacional em Oncologia do ICESP.
O primeiro passo foi observar in vivo a expressão de gal-3 em GBM. Ikemori conta que uma das características do GBM é possuir células com núcleo alongado que circundam áreas necróticas (mortas) originadas pela trombose de vasos sanguíneos. “Estas células formam uma área denominada pseudopaliçada e podem se originar também pelo rápido crescimento tumoral que não é acompanhado pela indução dos vasos. E somente estas células dentro deste tipo tumoral expressam gal-3”, descreve o cientista. A falta de vasos leva à falta de oxigênio (hipóxia) e nutrientes e, consequentemente, à morte celular.
Ikemori explica que há uma hipótese, cujas evidências já foram mostradas por alguns pesquisadores, de que as células desse centro hipóxico e privado de nutrientes migram para fora destas áreas em direção a vasos sanguíneos, porém não foi avaliada a relação da gal-3 com a sobrevivência celular neste tipo específico de microambiente. Assim, os ensaios consistiram de experimentos in vitro imitando este microambiente tumoral expondo as células de GBM à hipóxia e privação de nutrientes para avaliar as possíveis propriedades da gal-3. “Colocamos células de uma linhagem de GBM em cultura e avaliamos a expressão da galectina-3”, conta Ikemori.

na Agência USP - Resíduos da jabuticaba tornam embutidos mais saudáveis

Cascas de jabuticaba estão sendo utilizadas na composição de produtos cárneos, como linguiças e mortadelas, tornando-os mais saudáveis. Nos laboratórios da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos (FZEA) da USP, em Pirassununga, a médica veterinária Juliana Baldin usou extrato de jabuticaba microencapsulado na fabricação de linguiças e mortadelas. Os resíduos da fruta possuem propriedades antioxidantes e podem substituir o eritorbato de sódio, um antioxidante químico, e o carmim de cochonilha, que dá coloração aos embutidos.

“Conseguimos produtos mais saudáveis, reduzindo os aditivos químicos”, conta a pesquisadora. A casca da jabuticaba possui um corante natural, a antocianina, que tem propriedades antioxidantes e antimicrobianas. Ela conta que nas indústrias de beneficiamento da fruta somente a polpa é utilizada. As cascas e as sementes representam aproximadamente 20% do total processado e normalmente são destinados à fabricação de ração animal e adubo.

O uso da casca de jabuticaba na composição dos embutidos vem sendo estudado por Juliana desde 2012 em seu projeto de doutorado, que foi concluído no final de 2014, com a tese Avaliação da estabilidade microbiológica e oxidativa de produtos cárneos adicionados de corante natural obtido do resíduo do despolpamento da jabuticaba (Myrciaria cauliflora) microencapsulado com maltodextrina.

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