domingo, 1 de março de 2015

na Agência USP - Cientistas desenvolvem novas técnicas para levitar materiais

Pesquisadores do Instituto de Física (IF) e da Escola Politécnica (Poli) da USP desenvolveram um sistema de levitação de objetos que traz uma evolução em relação aos já existentes, que é o maior controle do material durante sua levitação. “Processos desse tipo, utilizando forças de radiação acústica, já são usados, por exemplo, em estudos e experimentos nas áreas de química e física”, conta o professor Julio Cezar Adamowski, do Departamento de Mecatrônica da Escola Politécnica (Poli) da USP. A inovação foi capa na revista internacionalApplied Physics Letters (AIP) e matéria na revista Physics Today, ambas nos EUA, no início deste ano.
O trabalho resulta da parceria entre os professores Adamowski, Marco Aurélio Brizzotti Andrade, do IF, e Nicolás Pérez, da Universidade de La República, no Uruguai. O equipamento, recentemente desenvolvido por eles, possibilita maior controle do objeto em levitação, que pode ser movido para cima ou para baixo, e para ambos os lados. Andrade conta que os sistemas já conhecidos necessitam de maior precisão para que os corpos se mantenham levitados. “Neste caso, qualquer movimento interrompe o processo de levitação”, descreve. “Na indústria química, por exemplo, equipamentos desse tipo podem ser usados para a análise de líquidos”, diz Adamowski. Apesar de as aplicações serem inúmeras, o professor conta que o objetivo principal dos estudos é dominar a tecnologia de levitação de materiais.
Nos testes com o novo equipamento, os cientistas utilizam pequenas esferas de isopor. “Mas a intenção é diversificar o tipo de material, evoluindo para corpos mais pesados”, avisa Andrade. A levitação ocorre pela reflexão de ondas sonoras. O sistema é formado por um cilindro chamado transdutor, que possui cerca de 5 cm de diâmetro e que tem sua extremidade mais fina (aproximadamente 1 cm de diâmetro), direcionada para baixo. Na parte inferior do sistema, há um pequeno cilindro côncavo (que possui 4 cm de diâmetro com uma superfície côncava de 3,3 cm de raio de curvatura), denominado refletor. Assim, o transdutor é posicionado com a sua extremidade fina na direção do refletor, de forma horizontal.

na Agência USP - Estradas aumentaram desmatamento em Rondônia

Pesquisa realizada na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, em Piracicaba, constata que no estado de Rondônia as proximidade das estradas é o principal fator que estimula o desmatamento. O estudo também analisou como a fragmentação da floresta influenciou a extinção local de espécies de mamíferos de médio e grande porte, e alterações na qualidade da água dos riachos locais.
As análises e levantamentos compõem a tese de doutorado do ecólogo Rodrigo Anzolin Begotti. “Ao todo foram cerca de quatro anos e meio de estudos e análises de uma área de aproximadamente 55 mil quilômetros quadrados, por meio de imagens de satélite da família Landsat referentes ao período de 1975 a 2011”, conta. A área estudada, segundo o cientista, representa cerca de 23% de todo o estado de Rondônia. Ali existem mais de 12 mil quilômetros de estradas de terra e pavimentadas. “Vale lembrar que o desmatamento de florestas tropicais é uma das principais fontes de emissão de gases do efeito estufa”, ressalta.
Begotti também avaliou como o que restou da floresta influenciou na qualidade da água dos riachos. “Neste caso, analisamos 21 parâmetros físico-químicos da água relacionando-os com a dinâmica do desmatamento, o arranjo espacial e a quantidade de floresta remanescente, além de características físicas das áreas drenadas por esses corpos d’água”, descreve. As análises laboratoriais foram realizadas no Centro de Energia Nuclear na Agricultura (CENA), em Piracicaba. Com esses dados, o pesquisador conseguiu constatar, por exemplo, que a proporção de floresta até a distância de 100 metros dos riachos contribuiu para reduzir as concentrações de alumínio, fosfato, nitrogênio e sedimentos em suspensão, principalmente na estação chuvosa. Esse resultado tem implicações importantes com relação às modificações realizadas recentemente no Código Florestal no que diz respeito à manutenção de vegetação na beira de rios, lagos e nascentes.
Desmatamento histórico
A colonização do estado de Rondônia, como explica o pesquisador, foi marcada o pelos incentivos do governo federal, sobretudo nas década de 1970 e 1980, por meio da concessão de lotes para pequenos agricultores. “Isso levou ao desmatamento de grandes áreas, por parte de milhares de assentados, a maioria vindos das regiões sul e sudeste”, conta. Além disso, ele lembra que àquela época, a derrubada da floresta era condição para que os assentados garantissem a posse de seus lotes, sendo que a caça era a única fonte de alimentação. A coordenação e execução dos projetos de assentamento foi realizada pelo Instituto Nacional de Reforma Agrária (INCRA), utilizando inclusive financiamento do Banco Mundial.

Leia mais...

na Agência USP - Estudo investiga mecanismo que degrada proteínas oxidadas

Cientistas do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) de Processos Redox em Biomedicina (Redoxoma), sediado no Instituto de Química (IQ) da USP, identificaram novo mecanismo de funcionamento do proteassoma e sua relação com a degradação de proteínas oxidadas. Tal conhecimento é importante porque as proteínas, quando oxidadas, se agregam. Estas agregações são, em geral, identificadas em doenças neurodegenerativas, como o Parkinson e Alzheimer, entre outras. “O proteassoma é também uma proteína, porém com a capacidade de degradar as proteínas oxidadas”, explica a professora Marilene Demasi, do Laboratório de Bioquímica e Biofísica do Instituto Butantan, que integra a equipe do Redoxoma.
O estudo, que é coordenado pela professora Marilene, poderá servir de base a novas pesquisas que visem o desenvolvimento de novas terapias contras estas doenças. A pesquisa foi publicada na edição especial da revista internacional Archives of Biochemistry and Biophysics, na edição de setembro deste ano.
Os experimentos foram realizados nos laboratórios do Redoxoma, no Instituto de Biociências (IB) da USP e no Instituto Butantan. Para identificar os mecanismos do proteassoma e sua ação na degradação das proteínas oxidadas, os cientistas utilizaram uma levedura chamada Saccharomyces cerevisiae. “Trabalhamos com as células da levedura em meios de cultura de glicose e glicerol”, descreve Marilene. “Nos testes realizados com a levedura em glicose, observou-se maior capacidade de degradar as proteínas oxidadas”, descreve a pesquisadora. Ela explica que, neste caso, o maior poder de degradação está numa modificação específica do proteassoma, denominada de glutatiolação. “O 20s-proteassoma quando glutatiolado degrada a proteína oxidada com maior velocidade”, observa a professora.

Leia mais...

na Agência USP - Treinos de força e creatina evitam perda de massa muscular

Na Escola de Educação Física e Esportes (EEFE), trabalho do professor Bruno Gualano indica que a suplementação de creatina, principalmente quando aliada a um programa de treinamento de força, promove ganho de massa muscular e força em pacientes com disfunção muscular e sarcopenia — condição de baixa massa muscular que afeta muitos idosos e os predispõe à mortalidade. Os benefícios do suplemento estão descritos em sua tese de livre-docência intitulada Estudos sobre eficácia terapêutica da suplementação de creatina. Gualano é docente do Departamento de Biodinâmica do Movimento Humano da EEFE.

Tese de livre-docência compila resultados de quatro ensaios clínicos
O estudo compila resultados de quatro ensaios clínicos destinados a investigar a segurança e eficácia da creatina em idosos e adultos, com ou sem doenças associadas. “A creatina é um derivado de aminoácidos produzida endogenamente e consumida em carnes”, descreve o professor. A suplementação desse nutriente tem sido utilizada, com sucesso, para melhorar o desempenho esportivo. Mais recentemente, tem crescido o interesse no papel terapêutico da creatina que, potencialmente, poderia melhorar massa e função musculares, saúde óssea e capacidade cognitiva. A segurança do consumo da creatina, segundo Gualano, também tem sido alvo de intenso debate.
“A creatina é um nutriente produzido pelo próprio organismo, e obtida também com o consumo de carnes”, explica. Atualmente, a suplementação de creatina é classificada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) como “alimento para atletas” e é comercializada no mercado. “Há alguns anos, advogo que a recomendação desse suplemento nutricional deveria ser estendida a idosos, pois a literatura científica tem dado bom suporte para isso”, justifica o cientista.

na Agência USP - Escola indígena, na Amazônia, intervém na sua comunidade

Os índios Kotiria, também conhecidos como Wanano, compreendem a escola como um bem comunitário. Lá, as decisões sobre os principais temas, como merenda, comportamento de professores, estudantes e temática das aulas, entre outros, são tratados pelas mães, pais, avós, estudantes, ex-alunos e docentes.
Entre 2011 e 2012, a pesquisadora Aline Abbonizio pôde observar a relação deste povo com a escola local. Os relatos e análises das visitas e permanências na comunidade resultaram na tese de doutorado Educação escolar indígena como inovação educacional: a escola e as aspirações de futuro das comunidades, defendida na Faculdade de Educação (FE) da USP.
Os Kotiria habitam a Terra Indígena Alto Rio Negro, na cidade de São Gabriel da Cachoeira, no Amazonas. Foi lá que, em 2011, Aline passou três meses na maior comunidade Kotiria, do lado brasileiro, em Caruru Cachoeira, onde vivem 33 famílias, cerca de 160 pessoas. “Mais precisamente, as comunidades Kotiria estão no alto rio Uaupés, na fronteira do Brasil com a Colômbia”, conta a pesquisadora. “A maioria deles vive na Colômbia, no Departamento de Vaupés”. A escola do povo Kotiria é pública, municipal e indígena. À época das visitas de Aline, contava com cerca de 110 estudantes no ensino fundamental e 17 no ensino médio. Em São Gabriel quase 90% da população é indígena. Aline conta que a construção da primeira escola de Caruru Cachoeira ocorreu na década de 1960 e, como toda escolarização disponível naquela região, era gerida por religiosos católicos da ordem dos salesianos.
Em 2012, a pesquisadora esteve em São Gabriel mais duas vezes. “Na primeira, fiquei apenas na sede urbana do município e entrevistei gestores das secretarias municipal e estadual de educação, e líderes da maior associação indígena da região, a Foirn, Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro”, relata. No mesmo ano, retornou a Caruru Cachoeira e lá permaneceu por mais um mês, onde conheceu outras comunidades Kotiria mais ou menos próximas de Caruru.

na Agência USP - Modelo matemático inovador é testado em estudos com anfíbios

No Instituto de Física de São Carlos (IFSC) da USP, cientistas desenvolveram um modelo matemático capaz de “turbinar” as aplicações baseadas em um fenômeno da física conhecido como entropia. Na prática, o novo modelo poderá servir de base para a criação de softwares que possibilitem melhores performances em tratamento de dados que se utilizem de sinais. “Podemos imaginar, por exemplo, aparelhos de eletrocardiograma mais precisos”, exemplifica o professor Odemir Bruno, do IFSC.

Modelo foi aplicado num sistema que afere o coaxar dos sapos, nos EUA
Mas as aplicações serão inúmeras, tanto que o modelo acaba de ser testado no Florida Institute of Tecnology (FIT), nos EUA, numa modalidade de estudos que os cientistas do IFSC sequer imaginariam. “O modelo foi aplicado num sistema que afere o coaxar dos sapos numa lagoa”, conta o professor. Na verdade, a proposta partiu do professor Eraldo Ribeiro, do FIT, que vem realizando estudos nesta área. “Análises dos sons do coaxar dos sapos são ferramentas importantes na avaliação de ecossistemas”, conta Bruno. “Os sons emitidos pelos anfíbios são gravados em equipamentos específicos e análises irão indicar as condições, satisfatórias ou não, daquele ambiente.”
O interesse do professor Eraldo Ribeiro foi pelo trabalho do físico Lucas Assirati, que desenvolveu seu mestrado no IFSC. Com os sons gravados dos anfíbios, o professor do FIT os compara a um banco de dados (padrão) o que possibilita análises de avaliação do meio ambiente. “O trabalho de Lucas permitiu análises mais apuradas e precisas”, afirma Bruno.