segunda-feira, 14 de julho de 2014

na Agência USP - Modo de organização permitiu resistência do futebol varzeano

Estreia de camisas da Associação Atlética Anhanguera, anos 1930

O estudo da trajetória de um time de futebol amador de São Paulo permitiu à historiadora Diana Mendes Machado da Silva concluir que os clubes da várzea da cidade surgiram a partir de organizações “associativas”, com base em relações familiares e dinâmicas comunitárias. Em seu trabalho de mestrado apresentado na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, A Associação Atlética Anhanguera e o futebol de várzea na cidade de São Paulo (1928-1950), Diana analisou uma série de documentos da entidade, fundada por brasileiros e imigrantes italianos, localizada no bairro do Bom Retiro.
Este “associativismo” possuía entre suas principais características a organização baseada no mundo do trabalho e no cotidiano familiar. “Além de laços de parentesco, os componentes do clube tinham profissões comuns”, conta a pesquisadora. Estes podem ser os motivos que explicam por que o clube está, ainda hoje, estabelecido no mesmo local, tendo resistido ao crescimento do bairro e às especulações imobiliárias.
Esta organização se deu ao mesmo tempo em que o futebol se caracterizava como um esporte elitista. Vários clubes eram formados por “cavalheiros” que se reuniam e faziam do jogo de futebol um acontecimento social. “Em seus times se reuniam os filhos das classes abastadas, alguns recém-chegados da Europa”, descreve Diana, lembrando que os que praticavam o esporte na várzea eram os chamados “canelas negras”.